" Quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada."
As noites foram-se passando e as manhãs eram sempre momento de começar de novo, de chegar o esperado dia, de voltar a encontrar o "certo". Cheguei a envolver-me em romances com a esperança de que o coração fosse curado, imaginei novos amores só para matar a ausência do perfume de quem me tinha deixado, caí na tentação de entrar em jogos só para sacrificar mais uma vez a dor que sentia em não o ter. Não me restou outra alternativa senão ficar parada, vivendo cada dia com a ideia de que o amanhã é sempre momento de abrir os braços e aguardar porque, afinal de contas, a paixão acaba sempre por bater á nossa porta, quando menos esperamos. Vivi assim numa teoria de vida de nada esperar e tudo aceitar, acolher o amor de quem me está destinado a chegar, apaixonar-me involutariamente.
E, nesta suavidade de estado de espírito, o dia chegou e trouxe com ele quem eu menos esperava. Hoje, preferia ter anulado a existência dessa chegada porque, agora, estou á tua espera, como já não esperava alguém há muito tempo. E sabes porquê ? Porque tornei a saber o que é chorar quando nos separamos, aprendi de novo quanto custa a ausência de alguém quando gostamos de verdade.
E neste momento ? Só me é permitido olhar lá para fora, enquanto vejo a noite a cair sobre o dia e penso até que ponto o que está a acontecer é considerado correcto. Não por uma questão de racionalidade, mas sim por sentimentos ( se é que já não os magoei, se é que já não estou envolvida naqueles que custam).
Tu sabes que, na realidade, eu não quero fazer parte daquilo que tu queres esquecer e acho que também não queres isso. Mas enquanto tu optas pela liberdade da juventude, eu prefiro a prisão dos sentimentos. Não me olhes como obcecada, viciada em ti, ou exageradamente romântica porque quando me sinto assim, eu chamo-lhe de amor.
Tu sabes tanto de mim e já te apercebeste que comigo tudo tende para o lado complicado. Sou daquelas que não parece ser o que sente, e sente não parecer o que é. Tenho modos de agir um tanto estranhos mas, também é por isso mesmo, que nos encaixamos um no outro desde há muito tempo atrás. E não, não me arrependo que este jogo de amor tenha começado, apenas tenho alguns medos: medo de ser trocada, de não ser correspondida, medo do teu passado, de não poder ter-te mais e não conseguir esquecer-te depois de estares tão cravado em mim, medo de já estar apaixonada.
E, neste gostar mas não querer, vou dia a dia, consumindo-me mais num amor que, mesmo conhecendo-o tão bem, não sei se tem destino, futuro ou, quem sabe, um fim.
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