segunda-feira, 20 de setembro de 2010



Corro em pensamentos neste mundo, às tantas e tal da manhã em que mais uma vez não tenho ansiedade em ir para as aulas. Fecho-me na escuridão do meu quarto e durante horas fico a olhar o vazio como se este me fosse dar respostas para alguma coisa. Pudera! Parece que ninguém me consegue dizer nada de novo, ou então sou eu que já li e reli cada dicionário e sei de cor cada palavrinha mencionada. Adorava ter mais que isto para dar, ter mais que palavras para lerem, ter mais que sentimentos para despertar dentro do coração de qualquer pessoa. Gostava de realmente poder significar algo que revolucionasse alguém e que as luzes do dia passassem para a noite para que eu pudesse passear sozinha sem medo. Porém, nem sozinha saio daqui. Visto-me de roupas transparentes de renda suave que ofusca a mente mais poderosa. Contudo, não saio do meu caminho de casa, e fico-me pelos cantos pequenos do quarto onde me oiço a mim mesma a pensar numa forma para avançar sem sofrer. Será isso possível? Faria mil e uma magias para que tudo corresse bem, que me conseguisse desapertar de apertos constantes e dizer de uma vez que sofro todos os dias pela solidão que tanto me consome. Mas, se o fizesse perderia o sentido das coisas, e aí não estaria lado a lado contigo, porque contigo tudo foi na base da nossa naturalidade... sem programas definidos, sem reacções para preparar.
Até as palavras parecem desvanecidas por entre os meus dedos e na distância dos meus olhos, ficam presas as palavras que queriam sair sem esforço algum. Mas nem isso me dá luz aos olhos que tão frágeis se encontram nesta margem de mim, em que a paixão que sinto se apodera dos meus sentidos e me faz lutar por tudo aquilo em que me fizeste acreditar. Em certas alturas do dia, vivo as coisas na apática realização das coisas, sem pensar no porquê nem no como, e fazendo tal e qual como sei e aprendi. Sem pôr questões nessa prova vital, venho pelo caminho de casa rotineiro em que de novo, me perco dessa nudez emocional. Sinto-te perto nesses instantes, como se de um espírito te tratasses ou de um suspiro ao ouvido dizendo que precisas de mim e para eu correr em teu amparo, e chegar para te aquecer em meu peito deleito em saudade e fidelidade para contigo. O castanho dos olhos que tanto me ofuscam mesmo ao longe fazem sentir-me um pouco mais quente do que pensar em ti, colocando o nervosismo dentro de mim e saciando os beijos que partilho a teu lado.
Horas vagas? Nas horas vagas páro para dormir ou escrever, e mesmo aí soluço por esforço e por vulnerabilidade. Nessas medíocres vontades que tenho em acordar ou até mesmo acabar com uma palavra em grande, denota-se a falta de tinta na caneta ou até mesmo, a preguiça manifesta-se em redor desse passado tão singelo.
Nessa força que penso que tenho de uma forma tão completamente mental, delineava-me num tecido em seda vermelha em que aparecesse despida em teus braços demonstrando o pecado que fizeste ao roubar-me o coração. Ao invés do que pensava, encheste-o de sonhos e de metas sorridentes, e desenhaste numa tela, acontecimentos de todo importantes que se enchiam de ti e de mim. Em cada gesto desse fio via-se um pequeno nó em que se decifravam os nossos segredos recíprocos por beijos e saudades. E o fio era construído de alma por duas pessoas em que se protegiam pelas fases da lua, como se esta fosse a protectora deles em toda a hora dos seus dias.
Em forma de pecados sensatos e saudáveis, fugiam dos medos e partilhavam os desejos de uma vida em belas canções de amor deitado na cama de plumas em que derramados de prazer, cantavam baixinho um ao outro aquilo que viam nos olhos... Com o Perfeito Coração que tinham e partilhavam, prolongavam-se de saudades, e enchiam-se de textos de amor e de músicas deliciadas em inspiração.
No seio de todo o tecido derramado por ti e por mim, finalizou-se num breve laço de conforto e de estabilidade. Embora com um nó no meio em que se uniam de confiança e de saudade, amarrava-se aos braços um de outro em memória de sonhos tão belos, em que os dias aconteciam como deveriam acontecer. De todo, encheu-se um laço de Perfeitos Corações em que hoje, poderia contar uma bela história de amor. Mas guardo isso nos meus sonhos, e deito-me aconchegada na almofada a imaginar-te deitado também nesse 
teu berço tão quente quanto o teu coração.

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